domingo, 27 de fevereiro de 2011

Sincronicidade

A vida flui... Essa é uma verdade inexorável. Ele sempre soube disso e seus passos sempre são conduzidos sob essa tônica. A magia do momento em que vive é algo que ele nunca teve. Sabe disso também e preza como nunca essa magia. Escutou outro dia que a promessa de momentos apaixonantes já estava ultrapassada.. Escutou "vida apaixonante" e isso nunca lhe soou tão bem. Realmente seus passos estavam mais leves.

E o improvável aconteceu (se é que podemos dizer que alguma coisa nesta história pode ser improvável). Ela sinalizou positivamente. Ele se sentiu desafiado. Ela disse que o único problema era sua ausência. Ele pensou "estou disposto a isto, mesmo que seja apenas uma tentativa". E o assunto terminou ali, meio suspenso. Tudo ficara apenas nas entrelinhas. Tudo ficara apenas na tentativa de um recomeço ao qual eles mereciam. Mesmo lugar, mesmo horário, situação diferente e esse era um combustível muito bom.

Ela mentalizou: "se isso acontecesse... ah... eu o surpreenderia".

Ele mentalizou: "loucura, isso é impossível".

Mas a magia entrou no ar... Momentos apaixonantes, lembra? Intenso, lembra? Avalanche de sensações, lembra? Um palavrão lhe veio à mente. Impublicável pela ressonância mas, para as poucas pessoas que sabem sua real intenção, apenas uma expressão de desejo, vontade e um misto de inquietude e aproximação.

E a história entrou num lapso temporal. Somente isso para explicar os eventos que se seguiram até chegar à porta de entrada. Entrou... Foi tomado de várias sensações: insegurança, medo, esperança, vontade... Seus batimentos aumentaram significativamente. Uma imensidão de pessoas a sua volta anunciavam que o local poderia ser inóspito, assim como seu ar naquele momento. Deu alguns passos frenéticos. Não portava naquele momento seu amuleto de dissipação da inquietude e nervosismo. Suava a frio. Deu mais alguns passos. Entrou num local que não era bem vindo. Percebeu o erro. Respirou fundo e começou de novo. Instantaneamente pensou “mesmo local, mesmo local” e isso sinalizou em sua mente como um clarão. O mar vermelho se abriu. E não poderia ser diferente. Deu uma volta e a encontrou. Mais uma vez linda, leve e estonteantemente iluminada. Ela não o viu. Essa era a intenção. Aproximou-se e a tocou levemente. O que aconteceu a partir daí... Nem ele sabe narrar.

Anderson Mendes Fachina

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O dom da vida


As vovós super contentes com o Raphinha.

A vida é realmente algo que nos fascina. Mesmo em tempos de extremas atrocidades, temos a grande capacidade de encontrar beleza nos mais pequenos gestos. E quando os gestos são generosos então... Nem se fala.
Hoje nasceu o meu filho Raphael. Um emoção sem precedentes toma conta de mim. Como disse no post "Êxtase", estou maravilhado com toda essa situação. Quando ele pegou na minha mão pela primeira vez...
Dezenas de amigos mandando recados, desde as primeiras horas do dia e, quando o momento chegou foi rápido e mágico. Em questão de minutos o parto foi realizado com segurança e a equipe médica sempre demonstrou uma competência que nos encheu de calma.
Raphael: 2.935 kg e 46,5 cm
Tive a oportunidade de acompanhar o parto. Que momento mais lindo. Ver vir ao mundo uma coisinha tão pequenininha é de arrebentar qualquer coração. As avós estavam radiantes, todos muito animados. Paro por aqui os comentários (minha esposa proibiu super exposição - kkkkk) e posto duas fotos.
Obrigado a todos pela consideração e pelos votos positivos.

Anderson Mendes Fachina

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Êxtase

Ontem escutei uma música que realmente me tirou do eixo. Havia prometido que não escreveria sobre o que vou narrar mas, fui empurrado vorazmente ao teclado.
Tenho vivido num estado constante de verdadeiras inundações sentimentais, fruto de todas as mudanças de minha vida. E essas mudanças, apesar da perda física de meu pai, têm me mostrado o quanto a vida pode ser boa, quando vivida em primeiro plano. Meu filho está para nascer. Numa noite da semana passada, pela primeira vez o vi em meus sonhos. Foi uma noite especial pra mim. Há tempos não me via entregue a um transe que, sob minha total consciência, pudesse ser tão mágico. Alguém, bem real, me disse: ore... Por favor, ore... As circunstâncias não eram as melhores. Mas, pra mim, algo estava preparado. Algo me esperava. Orei e antes mesmo que pudesse me dar conta, vi que estava mais entregue do que nunca. Em segundos estava num lugar que nunca havia visto. Eram ruas bonitas, bem arborizadas, tudo no seu devido lugar. Como que instintivamente comecei a flutuar (esse sempre foi um sonho recorrente até os meus 18 anos - sempre me via neste estado). Era algo doce, leve e muito intenso.
O encontro era inevitável... Assim como todos os encontros devem ser. Passei por algumas ruas e, de repente, me vi parando defronte uma casa, bem simples, com um portão de grade. Ali, na grade, vi meu filho. Comecei a chorar (como faço agora). Lá estava ele. De pé, olhando pra mim. Em nenhum momento duvidei daquilo que estava acontecendo. Mas meu choro me trouxe de volta. Meu corpo estava extasiado. Preenchido com algo que não sei descrever.
Magia? Claro. Como já disse antes, acredito na beleza da vida. Até o presente momento nunca havia sonhado com ele. Sabe, as vezes a ficha de que vou ser pai, nem cai muito. Estou me preparando como nunca.
Quando era pequeno, sempre sonhava em ser várias coisas. Sonhei, como muitos, em ser jogador de futebol, sonhei ser atleta, sonhei ser músico, sonhei ser corredor de Fórmula 1, sonhei ser rico... Sonhei.
Hoje, tenho certeza de que vivo o que deveria viver mesmo. Não que estivesse escrito. Mas meus passos me conduzem até então e são eles que constroem minha vida.
Hoje meus passos têm um toque tão especial que sei onde quero pisar. Sei pra onde ir. Tenho uma confiança em mim que nunca havia depositado. E sei que isso, assim como os próprios passos, é construído.

Anderson Mendes Fachina

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Mattie Ross, Ree Dolly e o “Girl Power”


“Bravura Indômita” é a releitura do romance homônimo de Charles Portis, que já havia sido adaptado para o cinema em 1969, com John Wayne no papel que coube a Jeff Bridges na versão atual,dos irmãos Coen. Não assisti ao original, mas me apaixonei, no filme de 2010, pela atuação de Hailee Steinfeld na pele de Mattie Ross, a garota de 14 anos que contrata um pistoleiro e segue com ele e um ranger na perseguição ao assassino de seu pai.

Esse é um filme não exatamente sobre vingança, mas sobre comprometimento, obstinação, retidão de caráter, destemor e senso implacável de justiça, características comuns aos três personagens centrais, mas que se sobressaem na menina Mattie. É emblemática a cena em que ela atravessa o rio com seu cavalo, indo ter com os dois homens que pretendiam deixá-la para trás ao iniciar a caçada ao criminoso. Seu semblante expressa uma intransigência que não traduz capricho ou teimosia, mas apego ao cumprimento de um dever que ela considera seu. Mattie abdica de sua infância e da prerrogativa de fragilidade feminina para amparar sua família ,agindo rigorosamente dentro do registro ético da época

Essa personagem ganha os contornos precisos na atuação da novata Hailee, que passa segurança sem abdicar de uma inocência que não tem nada a ver com ingenuidade.Resta entender sua indicação ao prêmio de atriz coadjuvante, sendo ela a protagonista da história.

Em “Winter’s Bone”, a também jovem atriz Jenniffer Lawrence encarna a estóica Ree Dolly, que aos 17 anos e responsável pela mãe mentalmente incapaz e por dois irmãos menores, se vê na iminência de perder a casa da família caso não encontre o pai, produtor de anfetaminas, que desaparece.Sua jornada pela inóspita e empobrecida região montanhosa do Missouri é o retrato da desesperança de sua vida. Ree sabe que não há saída possível para sua situação, até seu plano de servir o exército é imediatamente desfeito pelas circunstâncias. Ela é movida por um senso de dever pragmático, sendo nada mais que um produto de seu meio, ou seja, uma sobrevivente.E, como tal, deve apegar-se ao pouco que possui, e conformar-se às responsabilidades que não pediu para ter.

E é com serenidade e tenacidade que enfrenta tudo isso, sentimentos que o semblante de Lawrence transmite à perfeição, em uma atuação densa, contida e sem afetações, merecedora da indicação para melhor atriz.

É excelente constatar a boa safra de papéis femininos relevantes que figura no Oscar desse ano, que se ampara em atrizes de talento evidente, como as estreantes Hailee e Jenniffer, e as já veteranas Natalie Portman e Annette Benning (Minhas Mães e meu Pai), entre outras indicadas de peso, como Helena Bonham-Carter (O Discurso do Rei).

Sobretudo, diante da prevalência de ideais de feminilidade confusos, que conjugam a superexposição do corpo em todas as mídias a um falso empoderamento da mulher, que desvirtua o debate, é bom ver essa saudável expressão do verdadeiro “Girl Power”, hoje equivocadamente entendido como o direito (e quase obrigação) de as mulheres serem tão sexualmente irresponsáveis quanto a maioria dos homens se dá o direito de ser.

Em “Bravura Indômita” e “Winter’s Bone”, vemos mulheres que, apesar de muito jovens, cultivam valores sólidos e possuem muita atitude (assim como as atrizes que as interpretam), recusando as saídas fáceis que uma suposta fragilidade feminina endossaria. È melhor que as meninas aprendam : futilidade não é obrigação, e força de caráter não é prerrogativa masculina.

Cristina dos Santos Monteiro

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Obrigada?

Ela andava muito introspectiva ultimamente. A situação a levou a isso. Pensar, pensar, pensar e ainda pensar, qualquer ação deveria nascer do pensamento. Ela recorreu a tudo, tudo que pudesse lhe mostrar novas perspectivas, dançou, olhou para aquilo que mais amava como quem sabe o que quer e concluiu: ‘eles são a minha força’. Nada mais verdadeiro até então.

Sua vida não estava de cabeça para baixo. Essa não seria a definição correta. O que estava para baixo era o seu sentido, aquilo que faz com que a gente viva intensamente. Esse sentido muitas vezes é confundido com muita coisa, entre elas a própria sensibilidade. Ledo engano, pois podemos ser sensíveis e não sentirmos nada. Podemos transparecer uma luz muito grande, mas que a nós próprios não ilumina.

E foi assim que ele a percebeu. E que luz. E que brilho. E que intensidade. Sabe aquelas pessoas que te fazem sentir uma pessoa melhor, não por serem inferiores e te mostrarem que és maior. Não, muito pelo contrário, sabe aquelas pessoas que te olham no fundo da alma e te tocam com tanta força que te mostram o que você pode ser, o que você pode mostrar, aquilo que lá atrás você cobrou mentalmente de muitos. Ele já pensou muito sobre isso, pensou, pensou, pensou... Era realmente uma pessoa irresistível. Linda, leve, extremamente sincera, decente, muito competente, com um olhar estonteante e uma maneira de falar e de postar o corpo (o corpo fala muito) que, sem dúvidas, o encantava. Mas... Sua luz estava voltada apenas para fora. Tudo bem, hoje ele entende o obrigado. Mas uma coisa não lhe saia da cabeça: “Questão de foco, apenas isso. Mesmo o sol, que irradia bem menos que ela, consegue que seus raios sejam refletidos em sua própria direção”.

Esse contato aconteceu de maneira prática, como as coisas devem acontecer, sem pretensões e sem falsas promessas. Eram os dois sozinhos no meio de uma multidão sem tamanho. Ele não via mais nada, ela se comunicava com o corpo de maneira tão fantástica que lhe entorpecia os olhos. Nada marcado, mas fatalmente aconteceria, coisa de destino? Que nada! Ele pensa que se assim o fosse, esse destino poderia ter sido um pouco melhor [logo este pensamento também já se afasta]. Não haveria de ser melhor, em nenhuma hipótese, conclui. Era como se escutasse um suspiro no ouvido: “momentos apaixonantes, lembra?”. Nada tão real quanto imaginário. Nada tão puro quanto insano. Nada tão compatível... Sincronicidade...

Tudo aquilo se processava como se processam as boas coisas. “Eu te ensinei a olhar para ti e agora sou eu quem não consigo parar... eu não sei parar de te olhar”, mais uma ele vez pensou. E ela disse: “I N T E N S O”. E toda sua vida passou pela mente num piscar de olhos. Ele sempre foi assim, muita emoção e entrega, mas a vida um dia lhe sorriu meio torto e ao invés de devolver um sorriso ainda maior ele se tornou – em muitas situações – apenas mais um.

Ela agradecia sim. Ele recobrava, com a sua ajuda e luz, tudo aquilo que um dia deixou para trás. Sua vida nunca mais seria a mesma...

Obrigado.

Anderson Mendes Fachina

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Ultrapassar

Acredito em quase tudo nesta vida. Acredito em Deus, acredito na beleza do amanhã, acredito nas pessoas, acredito que tudo tem um porquê, acredito que não estou aqui somente de passagem, enfim, ACREDITO. Dentro deste paradigma, sou uma pessoa que busca, no horizonte, a medida exata para corroborar meus pensamentos, não o contrário. Sei que nem sempre as coisas deveriam ser assim. Pode parecer meio egoísta de minha parte pensar que tudo aquilo que penso tem uma linha e essa linha deve ser seguida. A vida me ensinou a ser metódico, eu não pedi para ser o que fui no passado, não pedi para passar pelo que passei, não pedi... Mas agradeço todos os dias por isso. “Somos a medida de tudo aquilo que fazemos”, li em algum lugar e concordo piamente, ou melhor, a frase é quem concorda comigo, simples e complexo assim.

Outro dia li que morremos e nascemos muitas vezes, até mesmo em um único dia e que quando isso não acontece é porque carregamos, conosco, coisas que já não têm mais sentido em nossa vida mas, que por algum motivo ainda nos perseguem. Correto, perfeito é isso mesmo. Mas uma questão bate a minha porta há alguns anos e isso tem me tirado o sono ultimamente. Para melhor explicar isso, apresento minha releitura, bem simples, de dois conceitos aos quais conheci por meio de um programa (podcast) que escuto semanalmente.

Um deles é um mito grego que tenho contato com freqüência. Trata-se do Mito da Caverna de Platão. Nesta alegoria, narrada pelo célebre filósofo, os homens vivem no fundo de uma caverna, acorrentados e sempre com o rosto virado para o grande paredão do interior desta. Vivem a vida assim, sem se mexer e sem conseguir ver mais do que aquele paredão. Às suas costas, a certa distância, há a entrada da caverna por onde entram alguns raios de luz. Estes raios de luz entram e projetam nessa parede tudo o que acontece do lado de fora. Assim, do lado de foram passam objetos, pessoas, coisas, tudo. Os prisioneiros da caverna conhecem então, somente as sombras que são projetadas na parede.

Em determinado dia, um desses prisioneiros se solta. Com muita dificuldade passa por entre os diversos obstáculos entre o lugar onde ficava e a entrada da caverna. Ao se deparar com a vida do lado de fora se espanta, vê coisas, cores, têm sensações, tudo muito confuso mais muito mais real, na verdade, a vida real. Sol, pessoas passando de um lado para o outro, animais... Sua reação primeira é contar aos outros o que está vendo. Volta ao interior e começa a contar as novidades aos demais. O que acontece? Ninguém dá crédito às suas palavras, pois a vida que conhecem e que acreditam ser a real é aquela, das sombras... Ele é morto por querer passar uma nova visão, mas prá quê? A vida daqueles acorrentados é a das sombras, na caverna.

Onde quero chegar com essa metáfora?

Bom, vamos ao segundo conceito. Trata-se da teoria do simulacro e da simulação de Jean Baudrillard, que dizem (não me lembro bem, mas não compromete o resultado final) ser baseada no seguinte conto: Num reino, abriu-se uma competição onde o vencedor seria aquele que confeccionasse o melhor mapa deste reino. O melhor mapa sempre é aquele que tem mais detalhes, sua escala é mais condizente com a verdade, etc. Assim, sempre vencia aquele que fazia o maior mapa, pois com mais espaço poderia acrescentar mais detalhes. Chegaram então à conclusão de que o mapa ideal seria aquele que fosse do tamanho do próprio reino, com todos os detalhes, ruas, casa, etc. E esses populares começaram a construir esse mapa. Terminada a empreitada homérica, todos ficaram satisfeitos com o resultado, o mapa, agora, era o próprio reino. E a vida não era mais a mesma. Com o encantamento que o mapa trouxe, todos começavam a viver o mapa e não a vida real.

Concluindo:

Hoje vivemos sob a égide da simulação. Antigamente, saímos das cavernas e procuramos descobrir o mundo. E que mundo... O construímos com muito sangue, derrotas, vitórias, num caminhar extenso, árduo mas compensador. Hoje, nos recolhemos novamente às cavernas. Nossa vida é uma simulação. Dormimos, acordamos, fazemos as mesmas coisas (nem sempre questionamos o sentido disto), trabalhamos, chegamos em casa, assistimos TV e voltamos a dormir novamente. Uma mera e simples simulação do que seria uma vida. Nossa vida é a da novela, onde o mocinho sempre é galã e tudo da certo no final. Vivemos em função da TV e de várias outras coisas que nos afastam de nós mesmos. Deixamos de lado o amor, a felicidade, os “momentos apaixonantes”, as pessoas que gostam de nós e passamos a viver uma vida decorada, maquinal, sem sentido. Salário, contas, contas, salário. Tudo muito assim, simples e vazio.

Eu costumo dizer que há uma diferença abissal entre passar e ultrapassar. Na vida, passamos por diversas situações onde devemos aprender sempre. Mas quando apenas passamos por elas, abrimos caminho para que elas novamente passem pela gente. E o que tem de gente passando pela vida...

Passando e apenas passando. Zumbis contemporâneos ligados ao simples e mero caminhar.

Isso vem ao encontro da frase que citei acima. Todos os que vivem dessa forma, carregam todas as coisas “mortas” consigo. Não as deixam para trás e não renascem, ou seja, não vivem, apenas são conduzidas até o leito de morte. Acostumamos-nos com a maldade do mundo, com a falta de magia em nossas vidas, com a ausência de algo real, verdadeiro...

Sou uma pessoa sentimental por natureza. Sou forte também por natureza. Sou EU. Mas ainda acredito naquilo que é verdadeiro, transcendental, que só acontece em nossa vida quando ultrapassamos algumas coisas extemporâneas... Fácil de me entender? Como disse ontem a uma pessoa: às vezes não faz sentido pra mim [o que penso, escrevo, falo], por que tem que fazer sentido para os outros?

Anderson Mendes Fachina

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

100 Filmes para assistir antes de assistir o 101º (PARTE FINAL)

Segue os últimos 20 filmes da lista de 100, que foi lançada em 5 partes. Sei que muitos vão concordar com vários títulos e outros vão discordar também. Como amante da sétima arte, procurei colocar na minha lista os filmes que mais me chamaram a atenção. Para mim, cada um deles tem um diferencial que os coloca onde estão. A lista completa pode ser acessada na seção "Leia também". Gostaria que os colaboradores e leitores enviassem suas preferências, aliás, a referência de outras pessoas é primordial para que conheçamos alguns títulos que escapam ao rótulo hollywoodiano, que tanto enche nossa vida. Há muitos filmes fora deste eixo que são fantásticos.
Apreciem! 

81 – A origem
82 – Irreversível
83 – Outono em Nova York
84 – Central do Brasil
85 – Austrália
86 – Deja Vu
87 – Gandhi
88 – Mar de fogo
89 – Papillon
90 – Pollock
91 – Simplesmente amor
92 – Sociedade dos poetas mortos
93 – Um cara quase perfeito
94 – Um sonho de liberdade
95 – Vick Cristina Barcelona
96 – Tempo de despertar
97 – Os embalos de sábado a noite
98 – Babel
99 – 1984
100 – Drácula de Bran Stroker

Anderson Mendes Fachina

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Crônica contemporânea

Precisamos [pelo menos] mexer o corpo



Essa foi a frase que deu fim ao transe. Momentos apaixonantes, lembra?

Ele tenta se perguntar quando tudo começou. Já olhou atentamente seus arquivos temporais e não encontrou essa resposta. Uma coisa é certa: Não começou agora. Afinidade é uma coisa atemporal, não está restrita a um encontro existencial e muito menos faz parte de um leilão onde se tem menos ou mais... Tem-se e ponto!

Esse pensamento deveria mover o mundo. O que acontece é que as pessoas vivem sob a égide dos contratos sociais. Fazemos um teatro onde não deveria existir um. A realidade, infelizmente, não é real. Mas essa não é a questão de agora.

Ele a fitava, como quem via o céu numa noite cheia de estrelas. Mas isso acontecia por poucos segundos. O brilho intenso que ela tinha, era maior do que a capacidade receptiva dele. “Ta vendo aquela lua que brilha lá no céu. Se você me pedir eu vou buscar só pra te dar. Se bem que o brilho dela nem se compara ao seu”. A negativa de sua parte aconteceu mesmo antes do entendimento do final da frase. “Não posso dar-te um presente menor que você”. Músicas! Elas realmente traduzem nossa alma, nossos sentidos. Aliás, podemos, em vários momentos, montar uma trilha sonora específica acerca dos eventos que tomam de assalto nossas emoções.

Quando menino ele não costumava acreditar nessas coisas. Seu ceticismo era inversamente proporcional a sua confiança. E olha que se buscasse alguma análise veria que talvez não tivesse confiança alguma. Agora, ele se enche de si mesmo, como quem anda plenamente por uma selva, sem se importar com os animais perigosos. Sabe por quê? Reciprocidade! Outra palavra mágica...

Aqueles mesmos olhos que a fitavam brevemente também eram observados de maneira especial. Algo, no fundo de sua alma dizia que todo aquele clima tinha encontrado, agora sim, um cenário perfeito. Agora sim um teatro... Um teatro da vida real.

O script estava correto, as atuações perfeitas, e o resultado não poderia ser outro. Mesmo que, por algum momento, pudéssemos pensar ao contrário. Como se não bastasse, o cenário estava repleto de atrativos, que extrapolavam o mero sentido da audição. Era algo muito maior, que entrava por entre os poros e tocava diretamente todo o corpo. Era impossível não sentir. Era impossível fazer-se de mero espectador, quando na verdade, a situação exigia mais. O cheiro, o contato, o esvoaçar dos cabelos, os passes, o balançar dos corpos, tudo muito bem conectado. Como diria o célebre astrônomo Carl Sagan, “a quarta dimensão”...

Sem dúvidas, precisamos traçar um plano.

Anderson Mendes Fachina

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Do vazio, da tristeza ou do tempo perdido

Olá a todos,
Não vou começar meu texto pedindo desculpas pelos mais de quinze dias sem atualizações. Não estou e nem quero pensar que estes dias foram de ócio. Sabe, o desencarne de meu pai foi algo que, como sempre, pega a gente de surpresa. Foram dias de intensa tristeza e de grandes reflexões. Como nos sentimos pequenos perante essa passagem. E pior, como nos sentimos pequenos quando vemos que poderíamos fazer tantas coisas diferentes e sempre postergamos para, ao final, constatarmos que não há mais tempo para nada.
Fica um vazio tão grande que ressalta com mais intensidade ainda nossas imperfeições. Ah... eu poderia ter feito isso. Ah... eu poderia ter feito aquilo. Ah... eu poderia. Mas não fiz.
Fiquei vários dias afastado do computador. Meu medo em escrever era muito grande, porque sei que quando começo a escrever, digo muito mais do que quando me expresso com meus sentidos. E isso é assustador. Minha tristeza aqui, quando digito, é sensível aos olhos de qualquer um. É quando me recolho que sinto o golpe, que sinto o vazio que toma meus sentidos, que sinto como sou pequeno. Tenho saudades dele e de tudo que poderíamos ter feito.
Tenho um sonho recorrente que ele está sempre comigo. Tenho sempre em mente o seu semblante, que denotava sua paz de espírito nos últimos dias. No final do ano o vi alegre, retumbante, cheio de vontade de viver... Isso hoje me conforta.
Nunca me esqueço de tudo o que ele me ensinou. Desde de meu primeiro ofício até a ter vontade de vencer na vida. E eu o agradeço muito.
Sei que todos têm os seus defeitos. E hoje vejo que em determinados momentos eu fui o advogado de acusação, fui o juiz e fui o júri, sempre decidindo pela condenação e pela reclusão. Ledo engano. E mais uma vez ele me ensinou.
Pai, vou orar por você sempre. E te carregar em pensamentos para o resto de minha eternidade.

Era o que meu coração podia dizer por hoje.

Anderson Mendes Fachina