quarta-feira, 9 de maio de 2012

Reflexos da inocência ou do tudo é permitido, mas nada obrigatório 2


O lugar era o mesmo, as companhias não. Aliás, as companhias eram extremamente diferentes, se isso é possível. Mas o lugar, este, certeza, era exatamente o mesmo. Aliás, nada mudara muito da última vez que visitou aquele local. O mesmo ar, a mesma penumbra, o mesmo errare humanum est de sempre.

Quando pôs os pés no interior do local teve a mesma certeza de outrora. A mesma sensação o tomou todo o ser. O tempo era outro, mas a sensação era a mesma, a mesma. Recordações o assolaram naquela fração de segundos entre o primeiro passo e o próximo. Olhou ao redor e viu o que tinha quer ver. Surreal? Fantasioso? Não! Apenas acontecia o que era previsto, as cenas passavam pelos seus olhos como em câmera lenta, porém muito vivas e marcantes. Muito marcantes. Muito vivas. Como se não bastasse a intensidade dos flashes, como se não bastassem as imagens prêt-à-porter que estalavam ao tocar a face, como se não bastasse o flashback nonsense, como se não bastasse tudo aquilo de novo, ele viu. Ele viu por entre as frestas, por entre as passagens.

Ele viu. Não sabe ao certo traduzir a imagem. Não consegue definir o que os olhos viam. Mas tinha uma certeza, ele viu. Viu com a claridade do sol que ali nunca habita. Ele viu.

E numa fração de segundos ele... Viu. Foi só isso. Lembrou-se da inocência perdida, da flecha atirada, das palavras jogadas, lembrou-se de tudo. Tudo tem uma explicação, pensou. Tudo tem um por que. E é aí que nem sempre tudo é o que parece.

Olhou para outro lado. Desta vez com mais profundidade, para não correr o risco de se perder mais uma vez por entre as frestas. E acredite, alguma coisa aconteceu de certo, ou de errado (dependendo do lado em que se está). Alguma coisa dessas que fogem ao controle. Fogem ao controle.

Anderson Mendes Fachina

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Se você quer sorrir


Quando não se tem a reciprocidade merecida, algo errado está acontecendo. Mas ela não consegue enxergar isso de maneira nenhuma. Tem um brilho no olhar que lhe é singular, tem um doce e um encanto no rosto. Mas não se engane: Tem a sutileza sarcástica do bom humor. E isso, diga-se de passagem, é de longe a melhor característica.

Acontece que parece que ela não sabe disso e vive um sonho onde apenas seus anseios o alimentam. Um sonho que corriqueiramente se torna um pesadelo. E como sempre ela acorda assustada, entende o que estava acontecendo, jura que não vai sonhar mais... Mas, quando volta a adormecer, o sonho volta com toda a força.

E não é que esse sonho a traz vergonha. Ela envergonha-se em saber que está sonhando sozinha novamente. Tem medo de falar seus sentimentos, tem medo de contar aos demais suas aspirações. Bom, então, meio caminho andado para a derrocada final do ser amoroso. Só falta um ponto a ser resolvido. Só falta um ponto, o ponto final.

Outro dia ela escutou: Essa história não tem final feliz, nessa história você nunca vai viver em harmonia. Se quiser voltar a sorrir, tem que acabar com essa história e começar outra. Fato! Mesmo que seja com a mesma pessoa, mas essa história é fadada ao fracasso. Outra deve ser construída, outra deve ser trilhada.

Não se fala mais nisso. Se ela está sonhando sozinha ainda é um mistério. Mas uma coisa é certa: Se estiver sonhando a mesma história em breve todos saberão. Basta olhar para seus olhos marejados e a feição de tristeza que assola os amantes abandonados.

Anderson Mendes Fachina