Recentemente tenho refletido muito acerca da criação de meu
filho. A cada dia uma novidade se apresenta e o sorriso é sempre muito bem
vindo. Aliás, sorriso igual ao dele não existe... Ele está andando, um presente
de dia das mães, quando levantou e caminhou sem a ajuda de nenhum apoio. Ele
brinca, come muito, fica doente, enfim, faz tudo que uma criança nesta idade
deveria fazer.
A
reflexão a qual me atento fica por conta de um comportamento muito bem marcado
nesta fase. Tudo o que faço, ele tenta imitar. Outro dia pegou um tubo de cola
fechado (ainda bem) e passou debaixo das axilas, simulando quando faço isso com
o roll-on. Fantástico! Nem sempre prestamos atenção o quanto eles nos observam.
Imitam-nos mesmo, prestam atenção em tudo, mexem em tudo, procuram por tudo,
não param um minuto sequer. Aí vem a constatação mais perigosa de todos: quando
eles nos imitam, não sabem diferenciar o que é correto e o que não é, não têm
capacidade de medir se o que fazemos está correto, se o que falamos está certo
ou se nossas ações são boas ou más. Eles simplesmente imitam. E tão claro
quanto isso é a constatação de que imitar acaba trazendo certo “aprendizado”.
Então eles aprendem tudo o que fazemos, seja isso certo, seja isso errado.
Na
atual conjuntura em que nos encontramos, muitas coisas ruins permeiam nossa
vida e isso é algo muito forte dentro do cotidiano. Cotidiano esse recheado de
informações, recheado de componentes que fazem da nossa vida algo muito rápido,
muito volátil. Assim sendo, há muita coisa ruim para eles aprenderem. E eles
aprendem.
Agora
vem a questão: Quem deveria aprender com quem? Eles conosco ou nós com eles?
Façamos uma breve análise.
As
crianças são alegres, sorriem para tudo. São tímidas às vezes, são puras em
suas considerações e na lógica que fazem das coisas. Têm uma inocência tão
etérea que consegue nos desarmar por completo. Quando minha sobrinha era
pequena, estávamos uma vez no mercado e ele pediu para que eu comprasse algo.
Respondi que não tinha dinheiro. Ela simplesmente disse: “Então passa o
cartão”. É a lógica inocente. É a pureza nos sentimentos. Sempre conto uma
história que ouvi certa vez: “A criança
foi na missa com os pais e no meio do sermão, gritou bem alto um palavrão,
chamando a atenção de todos. Os pais ficaram vermelhos de vergonha. Ao final,
disseram a todos que a criança nunca havia tido esse comportamento, que ela
nunca havia dito um palavrão. Outra pessoa disse: Acredito que ela nunca teria
dito um palavrão, mas pode ter certeza, ela já deve ter escutado vários”. Verdade. Em algum momento ela escutou isso...
E aprendeu!
Então,
ao invés de nós, adultos, aprendermos a sorrir como as crianças, aprender a não
ver malícia nas coisas, aprender a ser ativo o dia todo, deixando pra lá a
ociosidade da vida cotidiana, são eles que aprendem conosco. Esse aprendizado
deve ser de mão dupla. Devemos aprender com eles também. Mas para isso
precisamos fazer um grande esforço em prestar atenção nas pequenas coisas, nas
coisinhas que passam despercebidas em nossa vida.
E
para perceber a beleza do pequeno é preciso deixar de ser grande, deixar de nos
posicionarmos como donos do saber e olhar para nossos filhos como quem procura
pela sabedoria, como que quer se saciar com o maravilhoso. Ficamos bobos sim, é
verdade. Mas essa “bobeira” deve ser refletida em aprendizado, em sorrisos.
Sorrisos e atitudes sinceras. Sorrisos e vontade em viver alegremente.
Anderson
Mendes Fachina