Ela sempre tem o sorriso mais
lindo no rosto. Sempre tem uma energia muito bonita quando sorri. É simples,
complexa, profunda e inexata. Carrega em seu semblante as marcas de uma pessoa
que tem coisas pra contar, mesmo que ela se negue a contar essas coisas. Tem um
amor no coração muito grande. Gere sua cria como quem a defende dos animais
mais perigosos. Aliás, essa foi uma revelação que a sua meiguice escondia por
entre os cabelos encaracolados.
Num certo dia, numa ponte,
conheceu um jovem. Um jovem que foi premiado pelo universo. E o encontro,
inusitado, foi banhado pelo futuro, levado pelas correntezas e incertezas do
que há por vir, levado pelo encanto do afronto, do embate, da resenha.
Caminha pelo mundo prestando atenção em cores que nem sabe o nome. Mas isso
não a impede de criar, de tentar, de inovar, de sentir em suas mãos o poder da
criação. Mesmo que esta dure apenas poucos segundos. Ela não pára. Não consegue
manter suas mãos em repouso, mesmo quando a mente já não quer mais, mesmo quando
o corpo já não agüenta. E olha para aqueles aos quais acolhe com seus
ensinamentos como quem enxerga agulhas em um palheiro, como quem vê luz num
túnel longo, frio e escuro. E todo momento ela enxerga.
Não tem a sofisticação como um habitué, motivo pelo qual essa palavra
não lhe caberia se não fosse pronunciada pela própria. Mas como as congruências
caminham lado a lado, as excentricidades se dão ao luxo de acontecer, já que
nada pode ser tão fácil assim. E dizem que quando uma situação se repete, tem-se
a certeza de que acontecerá novamente. Estamos esperando.
Do ponto de vista simples, ela o
é da maneira mais clara possível. Do ponto de vista complexo, vê-se que sua
identidade, digamos, menos explícita, é algo a se considerar a ponto de não
haver nenhum tipo de subestimação. Aliás, quando isso ocorre, há a
possibilidade enorme de erro. E ela não os admite... É perspicaz. E tenho dito.
E tenho visto. E tenho imaginado esse sorriso.
Anderson Mendes Fachina