continuação...
Ainda não havia dormido, mas os
pensamentos começavam a serenar, a ponto de conseguir relaxar um pouco. Foi
assim e isso não poderia ser mais mudado. Acordou pela manhã com uma disposição
que há muito não apresentava. Voltou a ler sua revista preferida, profetizou
algumas palavras de ânimo e mais uma vez saiu em busca de algo.
“Ela estava imóvel. Imóvel como o
tempo até então. O ar parado, o sentimento de exagero e as condições mentais em
que ele se encontrava eram ingredientes propícios para ver, mesmo que os olhos
não registrassem. Andou mais um passos. Titubeou entre um e outro. Mas um misto
de enfretamento e curiosidade lhe era mais claro naquele momento. E foi. Ou melhor,
foi-se. Ou melhor, ainda ela havia ido, havia deixado aquele plano. E aquilo
não era um corpo propriamente dito, era mais uma imagem... Apenas mais uma, se
pode-se dizer assim. Apenas mais uma naquele quebra-cabeças que ela alimentava
a passos largos. Mas nada que lhe fosse desconhecido, nada que lhe fosse novo.
Naquele instante pensou em seu
genitor. Pensou em suas últimas palavras e na condição de tutor ao qual havia
se posto. Pensou no que foi dito, no que ficou por entre as linhas e naquilo
que nem dito havia sido. É era justamente esse dito – não – dito que lhe tirava
a respiração. Nada, nada, nada. Tudo, tudo, tudo... ‘Que oportunismo’, pensou. Ou
melhor, ‘que oportuno’. Não poderia então ser diferente. Ele estava decidido. Decidido
em fazer o que já deveria ter sido feito desde sempre. Mas que lhe era bastante
doloroso. Tinha que fazer e ponto. Conseqüências? Não, congruências. Nada poderia
voltar ao seu devido lugar depois daquilo. E nada daquilo encontraria lugar em
sua vida. Simples assim”.
Entrou no carro e seguiu em
frente. Não sem antes engatar uma ré para manobrar.
Continua...
Primeira parte em: http://caosfilosofico.blogspot.com.br/2013/01/da-mihi-castitatem-et-continentiam-sed.html
Anderson Mendes Fachina
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