sábado, 15 de janeiro de 2011

O caos e a reconstrução

Ansiava pelo noticiário nos primeiros dias de 2011, infantilmente esperava que o Brasil e o mundo retomassem seus olhos, ouvidos, câmeras e reportagens para o assunto predominante há exatos 12 meses atrás: o caos no Haiti. No entanto, foram poucos os minutos dedicados a notícia/tragédia velha e muitos outros mais para notícia/tragédia nova: a calamidade causada pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro.

As cenas, o desespero e a contagem dos mortos narrados minuto a minuto pelos meios de comunicação, causam dor, angústia, desconforto, que normalmente tem duração até ao início da próxima telenovela, da próxima zapeada ou da malfadada “espiadinha”.

Entretanto o compromisso com a História nos faz pensar não somente no momento das tragédias, mas principalmente na reconstrução das vidas ou, melhor dizendo, na recolocação do caos em padrões socialmente concebíveis. Ainda que soe como um pensamento chavão convém crer que a necessidade de reconstrução de uma cidade, uma região ou uma nação seja encarada como uma oportunidade na busca de novos rumos ou novos fins.

O que massacra a percepção de oportunidade é a constante de sensação de indignação coletiva diante da morosidade, da indiferença ou do oportunismo doentio nesses momentos... o que dizer dos saqueadores de ajuda humanitária no Haiti, dos ladrões de casas alagadas nas cidades sitiadas do RJ e SP? Some-se aos governos e as mesmas declarações de todos os anos, tais como: “choveu em tanto tempo o equivalente a...”

Enquanto as estatísticas cumprem sua dupla jornada de informar e distanciar o problema da realidade algumas pessoas simplesmente trabalham, honram a vida do outro como se fosse a própria, nestas pessoas sobra caráter, vontade e dignidade, e é a soma destes três elementos pode fazer do caos no Haiti e no Rio de Janeiro um oportunidade para novos fins.

Leon Denis de Almeida

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