quarta-feira, 18 de abril de 2012

O mesmo sonho

Este sonho tem se tornado corriqueiro. Não é bom. Não é um sonho que se deseje ter. Nele eu vejo cenas que nunca deveriam fazer parte da minha vida e sempre acordo em aflição, em total medo. Não que eu quisesse parar de sonhar. Mas ultimamente meus sonhos não são bons. Não estão sendo sonhos. Pesadelos? Não sei.

Neste sonho eu vejo uma pessoa muito próxima. Ela não me reconhece como tal e mostra o quão sua vida é superior, mesmo sem a minha presença. Mesmo sem a história que nos une. E pior, não há passado, não há sequer história, apesar desta se passar em razão de segundos em minha mente.

Nesta não-história, sou feliz. Nessa não-história tenho a vida que pretendia ter. Mas uma ressalva deve ser feita: quem desconstrói essa não-história sou eu mesmo. Sou eu quem a escreve por entre as linhas paralelas deste caderno que é a vida.

Então no sonho vejo o infinito sem luz. Vejo a luz sem interruptor. Vejo o interruptor, mas minha mão não o alcança. Aliás, não tenho forças para nada a não ser chorar. Um choro resquicioso, um choro que mostra a minha fragilidade diante da avassaladora passagem da borracha que reescreve o futuro.

Às vezes penso: Quem comanda a borracha? Quem posiciona o lápis? Quem vê por entre as linhas traçadas e encontra as brechas da felicidade e da solidão? Mas isso não importa durante o sonho. O que importa é que sofro e vejo isso com meus olhos lacrimejados. Nesta turves que me embala o ser, encontro um propósito muito forte. Sou impelido a acreditar que se trata de um sonho. 

No soluço da verdade, só tenho uma certeza: vou voltar a dormir, vou voltar a sonhar.

Anderson Mendes Fachina

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