domingo, 8 de abril de 2012

Ele está morrendo

Por todos os ângulos que eu olho, vejo a mesma coisa: ele está morrendo. Não que ele estivesse em plena vivência, gastando saúde ou mesmo com fôlego para dar algumas caminhadas, mas está morrendo. Está morrendo porque não consegue mais. Está morrendo porque não encontra parâmetros do outro lado. Está morrendo porque a morte pode ser a sua salvação. Está morrendo porque a morte pode significar uma nova vida em outro lugar. Um lugar onde sua imaginação tem asas e a vida tem algum sentido.

Durante muito tempo ele acreditou neste teatro. No fundo ainda acredita. Mas sabe que quando o roteiro é escrito por um autor intransigente, que evoca todas suas perspectivas de vida para falar que é o dono da verdade, que conhece a arte como ninguém, não adianta tentar ser espontâneo, não adianta tentar querer mostrar que tem também um bom lado artístico. Tem que seguir o roteiro e ponto.

Outro dia tentou comemorar um ano de bons e maus momentos, mesmo porque acredita que essa vida deve ser celebrada. Mesmo porque acredita que os passos estão sendo dados, e ele ainda está aberto. Mas essa comemoração ficou para trás. Foi vencido pelo cansaço da falta de imaterialidade do outro. Foi vencido pela falta de sonho do outro. Foi vencido pela vida onde ele não habita, não faz parte. Uma vida onde ele tem apenas uma função: ajudar. Não faz parte dela, não foi considerado em sua construção... Mas é cobrado a ajudar, é cobrado com afinco, sob pena de ser excluído dos demais processos, como o é sistematicamente.

Ele está morrendo, apesar da vida belíssima e pequenina que tens em mãos. Uma vida que lhe encanta a todo o momento. Uma vida que deveria ser celebrada, mas não é. Pena, talvez seja a única vida que realmente importa, já que a sua não existe.

Ele está morrendo... Mas a morte é dolorosa e implacável. Seu processo é penoso demais às vezes. Ele está morrendo... Mas ao mesmo tempo ainda tenta entender o que está acontecendo para poder continuar a pensar: já que a morte é dolorosa demais, talvez só lhe reste uma saída.

Anderson Mendes Fachina

Nenhum comentário:

Postar um comentário