Houve um tempo em que eu acreditava que as amizades
verdadeiramente sólidas, pra vida inteira, seriam só aquelas construídas na
infância, no início da adolescência, o mais tardar.
Seria mais ou menos como escolher um time de futebol pra
torcer: quase todo mundo, quando é pequeno, troca de time algumas vezes, até
optar por um, aquele do coração. Porque não daria pra passar a vida mudando,
alviverde hoje, tricolor amanhã, ao sabor das vitórias de cada equipe. Há que
se escolher e ser constante, na vitória e na derrota, no futebol como na vida.
Mas a vida, como o futebol, é uma caixinha de surpresas. Um
clichê batido? Talvez a expressão do que pode ser, e às vezes é,
inesperadamente bom.
Na faculdade em uma repetição do ciclo que eu atribuía à
infância,integrei vários grupos, estabelecendo boas relações de
boteco/biblioteca/conversa, mas amizade mesmo, só um pouco mais tarde, com
aqueles três caras, que se tornaram meus três cavalheiros, os meninos do meu
coração, pra vida inteira.
Formávamos um grupo desequilibrado, em termos de paixão
futebolística, sendo o Willian o “pontinho verde” em meio à maioria
são-paulina. Três bambis e um porco, como eu propus uma vez. Só o Willian achou
legal.
O caso é que o nosso palmeirense deixou de ser minoria de um
modo bem agradável: desposou uma alviverde e converteu o filhote. Por outro
lado, o Anderson garante que o Rapha já nasceu tricolor, e a Katy não se opõe.
O GRANDE ENCONTRO: Raphinha, Katyane, Anderson, Cristina, Leon, Ana Paula, Vandete, Wilian e Wilian Jr. |
A novidade que nos foi comunicada no último domingo é que o
Leon está arriscado a se tornar minoria em sua própria casa, já que lançou seus
encantos a uma palmeirense muito gente boa (bem vinda ao bando, Ana!), e deu
tão certo que a herdeira (o) já está a caminho. Só que, segundo a mãe, periga nascer
com um duvidoso gosto por meiões verdes e camisas marca-texto...
Ainda bem que eu tive a felicidade de impedir a virada de
jogo:minha baiana fica linda com sua camisa tricolor, e
não é a do Bahia.
De qualquer forma, o Willian Jr. ainda está naquela maravilhosa
fase da infância, na qual virar a casaca é possível e permitido. Quanto ao
resto, amigos maravilhosos podem surgir a qualquer momento, em qualquer fase da
vida, se ele tiver sorte como eu.
Cristina dos Santos Monteiro
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