segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O primeiro dia na escola

Não lembro em nada meu primeiro dia na escola, mas não vou esquecer o primeiro dia de meu filho. Hoje ele iniciou sua vida "escolar", com apenas onze meses de existência numa escola que julgo ser uma das melhores no ramo. Tive a oportunidade de acompanhá-lo durante toda a manhã nesta empreitada. Como não poderia deixar de ser diferente, fomos os primeiros a chegar. O horário de entrada é as 7h30 horas. Lá pelas 7h05 já tinha estacionado o carro na frente da escola. Fomos, de longe, os primeiros a chegar. Realmente a ansiedade é um problema que tenho que aprender  a enfrentar.

Eu, de férias e totalmente perdido (nesta semana vou fazer essa adaptação), fui muito bem recebido e passei uma manhã maravilhosa, mágica. O Raphinha não deu trabalho algum, comeu bastante e ficou observando atentamente todo o ambiente, como sempre faz. Seu coleguinhas (quase todos já andando) também mostraram-se contentes com o início das aulas. Há tempos que eu não subia numa árvore. Fiquei tentando a realizar essa "travessura" e não me contive. Lembrei-me de uma infância distante, onde as crianças realmente brincavam, realmente se divertiam com qualidade. Bom e velhos tempos... Quem tem mais de trinta sabe o que eu estou falando. O local é propício. Tem plantas, caixa de areia, árvores, galinhas, jaboti, parquinho de madeira, brinquedos de madeira e pano (não há nada de plástico), etc. Tudo é colaborativo, tudo é muito bem amarrado.

Meu filho observava a tudo atento. Ainda não anda mais tá quase lá. Ficou todo tempo no colo e até dormiu um pouco (na verdade ele só foi acordar depois das 8h30). Como ele acordou cedo e não estava acostumado, ficou meio jururu no início. A professora muito bem preparada, foi muito atenciosa e muito amorosa com todas as crianças.
Na hora do lanche, os alunos maiores ajudaram a preparar a mesa, colocaram as toalhas, os talheres e não foi nada decorado, implantado como uma regra. Percebia-se ali um aprendizado baseado no respeito e no amor mútuo. Suco natural, nada de refrigerantes, comida recheada de alimentos saudáveis. Realmente um oásis no meio deste deserto que nos assola.

A escola em questão utiliza a pedagogia Waldorf. Sem tentar explicar do que se trata, utilizo-me do trecho de um trabalho de Teresa Cristina de Oliveira Emanuel (O trabalho completo pode ser encontrado no link http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per14.htm).

A base da Pedagogia Waldorf é conceber ao homem a harmonia físico-anímico-espiritual na prática educativa, partindo da visão antropológica, fazendo com que esta educação responda às necessidades atuais e futuras do homem. 

O ser humano deve buscar a resposta que seu interior é capaz de realizar, pois todos nascemos com predisposições e capacidades que ao longo do tempo se desenvolverão. 
Seus princípios são pautados na Trimembração do Organismo Social, que partiu da revalorização dos impulsos da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde se tem liberdade (no pensar) com responsabilidade, igualdade (jurídico-legal) de deveres e direitos e fraternidade como respeito mútuo regendo as instituições com base na Pedagogia Waldorf. 
No início do século passado, Rudolf Steiner retomou a idéia que havia na antiga cultura grega, onde se dividia a vida humana em dez períodos de sete anos, ou setênios e as fundamentou para o ensino aplicado à Pedagogia Waldorf. 
Do período entre a infância e adolescência dá-se importância aos três primeiros setênios, nas faixas de 0 a 7 anos, de 07 a 14 anos e de 14 a 21 anos (as idades são aproximadas devido a fatores que antecipam alguns acontecimentos), período em que a criança e o jovem recebem educação na escola. 
Os Setênios: (Apenas o primeiro setênio é explanado aqui. Para mais informações, acesse o link) 

De 0 a 07 anos (maturidade escolar) 
- A criança está aberta ao mundo; 
- Tem confiança ilimitada; 
- Recebe impressões sensoriais; 
- Não elabora julgamento ou análise; 
- Está na fase do desenvolvimento motor; 
- As percepções inadequadas são armazenadas no inconsciente (não compreende o pensamento dos adultos); 
- Aprendizado por imitação; 
- O educador Waldorf deve ser digno de ser imitado, pois nessa imitação inconsciente estará fundamentando sua moralidade futura. 
Característica: O bom. 
As características do processo evolutivo da aprendizagem e transmissão do conhecimento requerem um grande conhecimento por parte do professor Waldorf, e a ação pedagógica deve ser o agente facilitador deste processo, pois quando as respostas às expectativas dos estudantes são atendidas a aprendizagem tem caráter significativo. 

O estudante deve ter um acompanhamento do seu desenvolvimento integralmente, pois passa da infância à adolescência na escola. É a educação transcendendo a transmissão de conhecimento e cultivando devagar e com carinho o intelecto e a sensibilidade humana. 
A Pedagogia Waldorf trabalha a formação do indivíduo, é o chegar, fazer e ser. Ter mais sabedoria do que conhecimento e o professor deve atar tudo isso com um laço de amor partilhado. 

Como eu disse: não me lembro do meu primeiro dia na escola, mas não vou esquecer o primeiro dia do meu filho, do seu rostinho atento, da sua carinha de alegre ao comer, do seu olhinho brilhando. Não, não vou esquecer.

Anderson Mendes Fachina

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Docência

Docência, um ato de ensinar, talvez. Acredito que melhor seria compreendida como a sucessão de pensamentos, reflexões acerca do que é ensinar e o que ensinar. Ensinar é dar lições e/ou recebê-las, educar e/ou interagir dentre as muitas esferas da educação e por elas se reciclar.

Realmente a profissão de professor, circunda, faz do “ser professor” uma incessante procura do que é o seu essencial objetivo, ensinar, mediar conhecimentos, desenvolver habilidades, competências. E anos a fio de docência, lhe mostram cada vez mais um ser, um profissional sempre incompleto.

Incompleto, neste, quesito, não se encontra em seu teor pejorativo, mas sim, ávido por encontrar algo de mais preciso, seguro, algo lhe sempre falta em sua formação teórica e que a prática vai aos poucos lapidando. Mas o tempo, as novas técnicas e os anseios da sociedade, insistem em mudar o projeto. A pincelada final, nunca chega, mas as mudanças dão ao projeto de docente, uma amplitude, uma astucia cada vez mais consistente do que é ser um educador, um docente.

Talvez um obcecado por quebras cabeças, é isto! Todo inicio de ano letivo a gente sabe qual o resultado que queremos a imagem bonita, está ali, na caixa, mas ela é apenas um referencial, a teoria.

As peças dentro da caixa estão sempre soltas, desconexas, confusas, por onde começar?

É preciso OUVIR opiniões de quem já a montou. Profissionais da escola sempre conhecem uma peça fundamental, que norteará o nosso trabalho.

Com base nessas opiniões, torna-se necessário rever a imagem, ESTUDAR, diagnosticar, por onde vamos iniciar. Pelos cantos, pelas meandros de figuras concretas, onde vamos fundar nossas ESTRATÉGIAS.

Estratégias, sempre são estratégias, às vezes dão certo, mas de tempos em tempos é preciso REVÊ-LAS, refletir, se o que traçamos foi realmente o melhor caminho, caso a resposta seja negativa, HUMILDADE, PACIÊNCIA, para voltar ao ponto inicial.

Novamente, um palpite, um APOIO, de alguém de fora, geralmente faz sempre a diferença. As vezes pelo excesso de envolvimento não vemos a peça a que procuramos. DISTANCIAR-SE, perceber a imagem tanto a teórica, quanto a do ato empírico, às vezes é o melhor modo de vermos a situação de modo real, assim vemos POSSIBILIDADES, não apenas desafios.

Fora, o grande projeto, ali espalhado em pequenas peças, nos deparamos com efeitos não esperados, muitas vezes por falta de organização nossa mesmo, outras pelos entremeios do jogo. Não é de surpreender com ausências de peças, esbarrões, ventos que destroem o que já foi montado. Dentro das instituições, leia-se falta de recursos e apoio, desmotivação dos educandos, acúmulo de tarefas burocráticas, entre outros. Nestes momentos, a PERSEVERANÇA, DETERMINAÇÃO, sempre deve estar à frente, para sabermos, recolher, remontar, constituir o projeto inicial com a qualidade que planejamos, através do DIÁLOGO ABERTO E SINCERO com a equipe escolar e a família.

Às vezes, a imagem que planejamos não se concretiza, dentro do prazo determinado. Mas sempre temos a certeza que algo foi feito, encaixado, podemos passar para outro dar CONTINUIDADE. Não é errado, não é feio, o que não podemos é destruir, ou descaracterizar o que já foi montado, mesmo que não seja por nós. RECONHECIMENTO do trabalho do outro é essencial dentro de educação.

Alias, acho, que na verdade, como um obcecado por quebra-cabeças, ele sempre terá NOVOS DESAFIOS, afinal, como já comentamos o trabalho nunca se cessa. Sempre temos uma caixa com novas peças, e para os mais experientes, as peças, vão ficando cada vez menores, é preciso desenvolver um OLHAR DETALHISTA, mas o resultado vai ficando cada vez mais SURPREENDENTE, assim como a profissão de tentar ser constantemente PROFESSOR.

Katyane Lima Sousa

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Hoje faz um ano

Aquele foi um dos piores dias de minha vida. Tive ali a certeza de que nunca devemos deixar as coisas que realmente importam para trás. Não adiantava chorar, não adiantava nada... Nada ia trazer ele de volta. Nada ia preencher o vazio que a sua partida me deixou. Um vazio, que já vinha sendo construído há tempos, mas que eu jurava, um dia, melhorar.
A última vez que o vi ele estava sorridente. Contente com a minha presença. Eu o abracei, sorrimos e mal sabia que seria a última vez nesta existência. Mal sabia que aquela despedida e a promessa de nos encontrarmos novamente seriam as últimas palavras.
Mas naquele dia, tudo acabou. Chorei e foi muito triste constatar que as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas não foram. Não foram. E, dali em diante, não poderiam ser nunca mais. Eu sempre o amei, mas julgava que a minha tristeza em vê-lo triste era maior que a própria tristeza que ele sentia. E esse tal julgamento que fazemos é inexorável. Sem dúvida, ele cai sobre nós como realmente merecemos.
Hoje faz um ano e sua memória ainda é viva em minha mente. A memória dos tempos felizes, quando sentávamos à mesa para comer, todos juntos. Lembro-me, como se fosse hoje, dos tempos em que sentado na garupa da bicicleta, andávamos por toda a cidade. Lembro-me de todos os esforços que foram feitos para que nós fossemos criados. Lembro-me da saudade que sentia quando ele trabalha fora. Lembro-me daquela tarde nublada qualquer em 1988 quando ele me ensinou a fazer uma dobradura de um pássaro, que mais tarde aprendi se tratar de um Tsuru. Lembro-me como se fosse hoje. Ele havia aprendido num desses serviços fora, quando pintava uma escola agrícola na cidade de Igarapava. Lembro-me de quando ele me abraçou chorando dizendo que meu avô, era o maior homem do mundo. Lembro-me de tudo, coisas boas ou ruins.
Onde quer que esteja saiba que penso em você todos os dias.

Anderson Mendes Fachina

domingo, 1 de janeiro de 2012

Livro de Receitas - Casa Assistencial

Para todos aqueles que não entenderam muito bem o último post - Uma viagem gastronômica (http://caosfilosofico.blogspot.com/2012/01/uma-viagem-gastronomica.html), uma boa surpresa de ano novo está no ar. Foi lançado o livro "Receitas do Coração - Uma viagem gastronômica pela cozinha da Dona Ruthinha", com produção total deste blog. Tive a oportunidade de realizar essa parceria com a Casa Assistencial "Nosso Lar, Amigos do Bem" que, numa iniciativa muito boa, resolveu colocar em livro as melhores receitas de uma das mais tradicionais mestres cuca da região.
Incumbido de grande responsabilidade convidei um dos melhores designers para a diagramação (Rafael Sales Peres) e para a arte da capa arrebanhei a pedagoga e artista plástica nas horas vagas Katyane Lima Sousa. Resultado: um trabalho que (pelo menos para nós) ficou muito bom, porque aliou uma característica que acredito ser uma das mais prósperas, no caso a sincronicidade dos participantes. Durante a diagramação eu pensava em algo e quando ia ligar para o Rafael, este me mandava um e-mail falando exatamente sobre o assunto. Sempre trabalhamos lado a lado e isso facilitou tudo. Na capa, deixei a Katyane completamente à vontade para criar. Ela se inteirou do projeto, fez perguntas, procurou fazer uma conexão com tudo o que pensava e ponto: uma capa limpa, simples e com uma técnica muito peculiar ao próprio trabalho da Casa Assistencial. Foi essa técnica que deu origem ao nome Receitas do Coração.
Aliás, o nome foi muito trabalhado, assim como todos o material que nos foi confiado.
Agradecemos a Casa Assistencial pela oportunidade.
Quem quiser adquirir exemplares do livro, por apenas R$ 25,00, entre em contato. Além de adquirir uma excelente fonte de consulta culinária, você estará ajudando todo o trabalho social que é desenvolvido pela Casa. Ajudem!

Anderson Mendes Fachina

Uma viagem gastronômica

O trabalho em prol do ser humano é inegável quando o assunto é Casa Assistencial “Nosso Lar Amigos do Bem”. Reconhecida pela sociedade e alicerçada em bases sólidas calcadas com muito carinho, dedicação e amor ao próximo, esta empreitada tem, em sua concepção, uma filosofia muito positiva que reza: “é preciso
acreditar no ser humano e num futuro melhor”. Essa premissa por si só já seria combustível essencial para os trabalhadores da Casa ou para que qualquer pessoa siga adiante em seus propósitos.
Mas, as lindas palavras não param por aí, se traduzem na alegria, na dedicação e no sentimento de dever cumprido que toma conta das pessoas que acreditam numa sociedade melhor e que lutam por isso com abnegação e desprendimento.
E é justamente com este espírito que a Casa Assistencial lança o livro de receitas escrito pela dona Ruthinha, figura conhecida e muito bem quista na cidade. As receitas, que há muito encantam o paladar das pessoas hoje estão acessíveis e apresentadas de maneira muito didática e simples, revelando os segredos gastronômicos e incitando a imaginação dos leitores. Quem nunca comeu um “quitute” divino da dona Ruthinha e lambeu os beiços?
Além das receitas, os leitores também poderão acompanhar a própria história da Casa Assistencial, contada através das diversas fotos distribuídas, que traduzem além do bom ambiente que faz a entidade ser o que é, o contentamento dos assistidos e dos incontáveis parceiros e colaboradores, que também fazem parte dessa receita vitoriosa. As fotos ilustram o trabalho, a vida e o dia-a-dia da Casa. E foi realmente difícil escolher quais fotos fariam parte deste livro, pois cada uma tem sua peculiaridade em contar os fatos. E são tantos os trabalhadores e colaboradores que seria humanamente impossível agradecer e listar a todos. Que nosso agradecimento se traduza então por estes sentimentos aqui expostos.
Ingredientes postos à mesa. Receita de sucesso à mão. Resultado mais que conhecido: sucesso. E fica aqui uma ressalva importante. Ler o livro em busca das receitas é algo opcional. Mas, uma vez feito isso, a viagem é irremediavelmente inevitável. Então aproveite. Saboreie-se nesta viagem e contribua para a construção de um mundo melhor.

Anderson Mendes Fachina