quinta-feira, 24 de março de 2011

14:47 de qualquer dia, em qualquer tempo!

“Um segundo de sintonia é um segundo de sintonia... Passa. Um minuto de sintonia é um minuto de sintonia... Passa. Uma hora de sintonia é uma hora de sintonia... Passa, mas já deixa marcas que o próprio tempo não é capaz de apagar. Às vezes os encontros são tão profundos e marcantes que, apesar de se processarem com extrema rapidez, deixam impressos em nossas almas um sentimento inexplicável. Passamos a vida inteira e nunca os esquecemos. Vive-se sempre com vistas nesse passado nada remoto pela recordação viva. O que pensar então de uma história que parece ter uma sintonia milenar?”

Quando começou a escrever essas palavras, uma dor imensa lhe tomou a alma. As recordações são tão fortes que parecia vivê-las naquele momento. Lembrou de várias passagens e de como seu sorriso tinha se tornado diferente e mais vivo. Toda a alegria contida naquelas lembranças contrastava com a ausência sentida e isso era o que lhe deixava triste. Sabia também que essa ausência já estava sendo processada mesmo quando da presença dela. Está faltando alguma coisa. Olha para tudo e para todos e não encontrava esta resposta. Uma coisa era certa. Estava doendo muito.

Parou... Parou novamente... E mais uma vez parou. Em cada parada uma lembrança boa. Em cada lembrança boa, um momento inesquecível. Em cada momento inesquecível uma constatação. Em cada constatação a construção de uma história. Em cada pedaço desta construção, VIDA, em toda sua plenitude. Mentalmente disse: “Nunca vivi nada parecido”. Novamente mentalmente disse: “Tenho dito muitas coisas mentalmente o dia todo”. Essa sempre foi a melhor parte da história, aliás, a plenitude de todo o momento se processava por esse toque especial. Não eram só as lembranças, não eram só os momentos, não eram só as promessas. Era TUDO. Tudo fazia um sentido tão especial quando estavam juntos que “nem se lembravam o que foi diferente”.

Dias atrás ela havia dito que sentiu vontade de chorar. E chorou. Ele a sentia tão entregue que pode não ter percebido o motivo das lágrimas. Pode. Suas explicações sobre o fato sempre foram muito simples e também muito complicadas. Ele então entendeu o mesmo que sempre tenta explicar: “Todos podem sentir a mesma coisa de diferentes maneiras. O que sinto pode não ser o mesmo que você sente e vice-versa”. Encerrou o assunto aí, pois as explicações o satisfaziam e mesmo que isso não acontecesse, tentaria mudar o assunto e mesmo as atitudes. O que queremos é o que há e ponto. Como se fosse fácil acreditar nisso e colocar em prática. Esquece, esquece!

Ainda absorto em seus pensamentos, tudo lhe parecia meio suspenso. Sentimentos, sensações, saudade, lembranças, emoções, carinhos, planos, logística, lapso temporal, encontros, desencontros, espera, despedidas, abraços, afagos, liberdade, paixão, cumplicidade, desejo, olhares, sedução, sonhos, reciprocidade e mensagens. Reciprocidade e mensagens. As últimas palavras dispararam uma lembrança que lhe encheu os olhos de lágrimas: 14:47... Um momento tão mágico que conseguiu dissipar tudo o que havia de tristeza.

Prometera que ela nunca o veria chorar. Aliás, também já chorou, mas tentou, de todas as formas, esconder isso. Naquele momento só ela não veria que estava chorando. Os pares, estes não tinha como. A desculpa foi a mesma de sempre, ele tem um padrão para isto. Assunto encerrado. Sentimentos ainda à flor da pele. Agora não havia qualquer resquício de tristeza. Não havia qualquer menção a problema. Não tinha nada de ruim. Lembrou uma frase que ela repete quase que todo dia: “Nossa história só tem coisa boa”. Concordou instantaneamente. Pena ela não estar ali para receber as benesses dessa constatação.

O episódio 14:47 foi mais um dos tantos momentos sem explicação palpável. Não era sequer mensurável apesar da forma exata em representá-lo. Não tinha precedentes, apesar da cronologia exata. Apenas existiu para os dois e para todo o universo naquele momento. Naquela fração de segundos entre mandar e receber. Ou receber e mandar? Quem veio primeiro? O ovo ou a galinha? Sabe-se lá... O que se sabe ao certo é que a reciprocidade produz essas maravilhas em nossas vidas. A reciprocidade é causal e inexorável, ou então não existiria.

Realmente renovado para mais um temporada onde somente as lembranças se fariam presentes, ele respirou fundo, sentiu a saudade batendo à sua porta e conferiu mais uma vez seus arquivos memoriais: “meu número”. Ele e ela o sabem bem!

Anderson Mendes Fachina

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