terça-feira, 15 de março de 2011

Somos todos infantis!

Hoje aconteceu algo interessante!

Após ficar contente com os resultados que o Actívia que andei tomando tem trazido à minha vida, fui ao banheiro do trabalho, sempre muito ocupado (acho que tá todo mundo tomando actívia no trampo também) e percebi que a porta estava escorada com uma lata de solvente. E nem foi isso que achei interessante, afinal, é uma prática costumeira escorar portas com lata de solventes, não?

O que me causou um certo estranhamento foi a marca do solvente: “Solventes Anjo”. Solventes Anjo??? Como assim? Anjo? O que esse nome quer dizer? Que esse solvente é um solvente do bem? Que antes de dormir eu posso fazer uma oração para esse solvente?

E a coisa podia ficar pior: O o slogan do solvente era: “Solventes Anjo, deixando sua vida mais colorida”. WTF? Sempre pensei que os solventes tiravam a cor das coisas. Seria razoável esse slogan para a lata de tinta (que estava ao lado da de solvente), mas para um solvente? Seria esse slogan uma mensagem subliminar para me fazer inalar aquela merda e ficar doidão e ver tudo colorido? Pensando sob esse prisma, o slogan passou a ter algum sentido... Mas desisti de ficar divagando a respeito quando a maçaneta da porta foi girada e percebi que já fazia algum tempo que estava ali e tinha algum outro querendo ou usar o troninho, ou inalar o solvente...

Essa experiência com a lata de solvente causou uma impressão em mim, e levou meus pensamentos para a seguinte constatação: As empresas de Marketing tem um único objetivo, nos fazer idiotas.

A propaganda em massa foi utilizada pela primeira vez pelos Alemães, na segunda guerra mundial, para convencer a massa (entendo por massa, um agrupamento de pessoas sem identidade, sem um “rosto”) de que as práticas nazistas faziam sentido. Eles foram bem efetivos com isso.

Com o fim da segunda guerra mundial, e com os Americanos se transformando na grande potência econômica que ainda são (será que presenciaremos o fim dessa potência?) , precisavam de uma ferramenta que garantisse a realização do estado de Bem Estar Social ou Welfare State, também conhecido como American Dream. Então o que os americanos fizeram, foi se apropriar da arma alemã mais efetiva e melhorá-la muito: A Propaganda.

Ok, você pode pensar: As empresas precisam vender, nós precisamos comprar, as engrenagens da economia giram e todos ficam felizes, certo? Não acredito!

Qual é o tipo de consumidor mais afetado pelas propagandas e que desejam tudo de imediato, sem pensar no quanto custa? Se você respondeu as mulheres, foi muito machista, estou me referindo às crianças...

O que a propaganda faz com o consumidor é transformá-lo numa “criança”, na medida em que ele não consegue suportar a angústia causada pela não realização do seu desejo. Aquele sonho ilusório que aparece nas telinhas da TV, capas de jornais e revistas, folders promocionais ou pelos outdoors imensos das avenidas.

Fume Free e venha para o mundo livre.
Compromisso Actívia! Se não funcionar, a Danone devolve seu dinheiro.
Sucrilhos Kellogg’s, desperte o tigre em você.
Comemore o Natal com sua família, tomando Coca-cola.
Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles num pão com gergelim.

Enfim, somos bombardeados por esse lixo todo e nos perguntamos: Por que não experimentar? Por que não comer? Por que não comprar?

Ai nos tornamos num consumidor acéfalo, incapaz de refletir sobre a real necessidade daquele consumo.

Então é isso? As empresas de propaganda nos transformam em consumidores acéfalos que não suportam a angústia de não ter um Iphone ou Ipod, não ter um tênis Nike, etc?

O mesmo capital que cria o problema, cria a solução para os seus problemas, ai a coisa se resolve de forma simples: CRÉDITO!

Pela primeira vez, não precisamos mais lidar com a angústia de não ter nossos sonhos – nesse caso ilusórios – realizados.

Não preciso mais ficar sonhando com o carro que o Jack Bauer usa. Não fico mais sonhando com o Iogurte que a gostosa do Big Brother toma. Não preciso mais sonhar com Iphones ou Ipods, posso comprá-los, mesmo que não tenha dinheiro para isso ou que me padrão de vida não me permita...

Essa prática leve o processo de infantilização ao extremo. Fetiches tecnológicos e sonhos consumistas que nos consomem (percebe a inversão? não somos mais consumidores, somos consumidos pelos objetos do desejo) pode sem realizados de imediato.

Bem, o que tudo isso tem haver com o solvente do começo da história? Além do fato de que o departamento de marketing daquela empresa achar seus consumidores verdadeiros imbecís? Pro inferno com eles!

Krisnatágoras Araújo

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