terça-feira, 16 de agosto de 2011

A escolha correta


Ele estava sem muito amor próprio. Vivia sob a égide do referencial de beleza da sociedade, como não era do padrão tido como ideal, vivia uma vida vaga, sempre com vistas a sua condição corporal. “Não sou bonito, ninguém me quer, todo mundo me acha legal e ponto”, eram suas lamentações diárias. Prometeu mudar de vida, não pela saúde, mas pela estética e por todo o peso que carregava nas costas.

Nesse meio tempo conheceu alguém. Alguém que aprendeu a gostar dele pelo que ele era, não pelo seu corpo. Alguém que lhe deu amor, força, incentivo, carinho. O acompanhou durante todo o processo e reconquista da auto-estima e mostrou a ele caminhos nunca dantes percorridos. Ele enfim, havia encontrado alguém que o queria bem, que o queria de verdade. Que um dia planejou viver com ele.

E todo o processo foi doloroso, passaria por uma cirurgia relativamente nova mas que vinha apresentando bons resultados. Resultado: ele ficou de bem com seu novo corpo. Muito sacrifício foi preciso e ele batalhou com unhas e dentes. Mereceu. Agora, todos o olharam diferentemente. O espelho o refletiu diferente. Não precisava mais de essência, isso já não era mais o seu ponto primordial. Une-se isso ao fato de sua vida profissional também dar uma guinada e pronto: um novo homem nasceu.

Ou melhor, um novo homem se mostrou. A vida para ele passou a ser diferente, nova, com algumas descobertas, novas sensações, novos caminhos. E bastou um tempo de tudo novo para perceber que tudo o velho já não lhe satisfazia, como nunca havia satisfeito mesmo, exceção a presença dela. Ela, que havia lhe amado antes, antes da transformação. Ela, que conhecia sua essência.

Pouco tempo se passou até que ele proferiu a máxima: “Não estou pronto, tenho muita coisa a viver ainda, preciso passar por isso”. E o suposto amor deu espaço a outros sentimentos. E ela foi ficando de lado, ficando de lado, até que tudo terminou.

Sua essência já não faz mais diferença, o que conta é o que o espelho lhe mostra. É o que os outros lhe dizem. É o que a “sociedade” lhe taxa. Ponto. Muita água ainda vai rolar até que se saiba se ele fez a escolha correta.

Anderson Mendes Fachina

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