domingo, 11 de março de 2012

Acapulco

Hoje acordei cedo ao lado do meu filhotinho e liguei a televisão para dar uma zapeada pelos canais. Às vezes gosto de assistir o Globo Rural ou um daqueles programas informativos que passam nos horários onde muitos nem ligam a televisão, afinal, quem acorda antes das 9h no domingo?
Turma do seriado Chaves

Qual foi minha surpresa quando passei por um canal onde passava o seriado Chaves. Surpresa não pelo seriado em si, uma vez que a qualquer hora do dia no referido canal é possível assistir ao programa do Chaves. Surpresa porque há muito tempo não assistia ao episódio onde todos vão para Acapulco (eu sei que ele deve passar pelo menos umas três vezes na semana, mas faz tempo que não o via).

Para que não se lembra deste episódio (existe alguém que não lembra?), a Chiquinha compra um pote daquelas pastas brancas para limpar prata usando 20 mangos que “pegou” na gaveta do Seu Madruga. O professor Girafales encontra a pasta e como sabe que na casa da Chiquinha não há nada de prata, ele desconfia que ela surrupiou a pasta em algum lugar. Logo descobrem que ela comprou a pasta para concorrer a uma viagem a Acapulco, que acaba ganhando. Com a ida da Chiquinha e Seu Madruga, a Bruxa do 71 também decide ir. Por puro despeito, a Dona Florinda e o Quico também vão, assim como o professor Girafales. Ao saber que todos seus inquilinos tiraram férias, o Seu Barriga também decide ir e leva o Chaves. Em Acapulco, as mesmas palhaçadas e brincadeiras de sempre e a certeza de que iremos rir do início ao fim.

Assisti ao episódio e mais uma vez me coloquei a pensar como um seriado tão antigo consegue arrancar nossas risadas com as mesmas piadas de mais de três décadas (o episódio de Acapulco foi gravado em 1978). Sem apelação, sem mulheres seminuas, sem palavrões, sem recursos especiais, sem nada de diferente. Aliás, a produção do programa era muito simples, com os personagens num único set, mesmos figurinos e baixo orçamento. Talvez seja essa simplicidade a “alma” do seriado. Não sei ao certo, mas há uma magia impar neste seriado que fez com que minha avó, minha mãe, eu e logo meu filho, sorriam sem parar das trapalhadas da trupe.

Quantos programas bestas vemos hoje serem produzidos por essa televisão brasileira (infelizmente são programas que vendem, pois há público)? Quanto lixo há na “telinha” (e a telinha em alguns lugares já tem mais de 40 polegadas)? Quanta podridão?

Não sei até quando darei risada com o Chaves. Só sei que ele me faz lembrar a simplicidade da vida e do cotidiano. Só sei que quando escuto frases do tipo “pois é, pois é, pois é”, “foi sem querer querendo”, “não se misture com essa gentalha”, “e da próxima vez, vá... na sua avó”, “tinha que ser o Chaves”, me transporto para um passado não muito distante, onde sinto o cheiro da terra, da comida da minha mãe, da vida.

Anderson Mendes Fachina

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