domingo, 4 de março de 2012

Quatro reais... Foi o que sobrou

Ela estava totalmente frágil e procurava um sentido para sua vida amorosa. Mas o caminho estava errado e eu sabia disso desde o primeiro momento. Não podia ser diferente, a rol de clichês estava sendo usado à exaustão... E isso, ela nunca vai poder dizer que não foi dito. Eu alertei, e como alertei. Pense: princesa e anjo sem asas não podem ser elogios realmente verdadeiros para um primeiro encontro, ou décimo que seja. Aliás, nada mais démodé, certo?

Bom, mas acontece o seguinte: aconteceu. Ela ficou toda derretida e ele, ao chegar em casa, fez mais um risco na parede.

Numa situação destas, as coisas em ambos os lados se processam de maneira muito diferente. Para ele, um troféu, mais uma conquista (e a renovação das mentiras contadas). Para ela, um momento especial, inesquecível, a celebração da vida.

Mas a mentira estava traçada perfeitamente. Ele estava em apenas uma pequena passagem pela cidade e omitiu isso a todos. Num belo dia, entre juras de amor e saudades, ele disse que iria para São Paulo ver a mãe e retornaria no domingo. Chegou o domingo e ele não deu notícias. Setenta e oito ligações perdidas depois ela descobriu: ele havia ido embora para outra cidade, outro serviço e ainda era casado. O anjo sem asas caiu no choro. A princesa perdeu o seu sapatinho de cristal.

"Quatro reais, foi o que sobrou”, disse ela. Quatro reais em créditos de celular que ele havia bancado para que eles se comunicassem. Um investimento que lhe valeu uma boa conquista. Uma sobra que valeu a ela nada. E mais uma desiludida do amor povoa a terra...

Anderson Mendes Fachina

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