quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Obrigada?

Ela andava muito introspectiva ultimamente. A situação a levou a isso. Pensar, pensar, pensar e ainda pensar, qualquer ação deveria nascer do pensamento. Ela recorreu a tudo, tudo que pudesse lhe mostrar novas perspectivas, dançou, olhou para aquilo que mais amava como quem sabe o que quer e concluiu: ‘eles são a minha força’. Nada mais verdadeiro até então.

Sua vida não estava de cabeça para baixo. Essa não seria a definição correta. O que estava para baixo era o seu sentido, aquilo que faz com que a gente viva intensamente. Esse sentido muitas vezes é confundido com muita coisa, entre elas a própria sensibilidade. Ledo engano, pois podemos ser sensíveis e não sentirmos nada. Podemos transparecer uma luz muito grande, mas que a nós próprios não ilumina.

E foi assim que ele a percebeu. E que luz. E que brilho. E que intensidade. Sabe aquelas pessoas que te fazem sentir uma pessoa melhor, não por serem inferiores e te mostrarem que és maior. Não, muito pelo contrário, sabe aquelas pessoas que te olham no fundo da alma e te tocam com tanta força que te mostram o que você pode ser, o que você pode mostrar, aquilo que lá atrás você cobrou mentalmente de muitos. Ele já pensou muito sobre isso, pensou, pensou, pensou... Era realmente uma pessoa irresistível. Linda, leve, extremamente sincera, decente, muito competente, com um olhar estonteante e uma maneira de falar e de postar o corpo (o corpo fala muito) que, sem dúvidas, o encantava. Mas... Sua luz estava voltada apenas para fora. Tudo bem, hoje ele entende o obrigado. Mas uma coisa não lhe saia da cabeça: “Questão de foco, apenas isso. Mesmo o sol, que irradia bem menos que ela, consegue que seus raios sejam refletidos em sua própria direção”.

Esse contato aconteceu de maneira prática, como as coisas devem acontecer, sem pretensões e sem falsas promessas. Eram os dois sozinhos no meio de uma multidão sem tamanho. Ele não via mais nada, ela se comunicava com o corpo de maneira tão fantástica que lhe entorpecia os olhos. Nada marcado, mas fatalmente aconteceria, coisa de destino? Que nada! Ele pensa que se assim o fosse, esse destino poderia ter sido um pouco melhor [logo este pensamento também já se afasta]. Não haveria de ser melhor, em nenhuma hipótese, conclui. Era como se escutasse um suspiro no ouvido: “momentos apaixonantes, lembra?”. Nada tão real quanto imaginário. Nada tão puro quanto insano. Nada tão compatível... Sincronicidade...

Tudo aquilo se processava como se processam as boas coisas. “Eu te ensinei a olhar para ti e agora sou eu quem não consigo parar... eu não sei parar de te olhar”, mais uma ele vez pensou. E ela disse: “I N T E N S O”. E toda sua vida passou pela mente num piscar de olhos. Ele sempre foi assim, muita emoção e entrega, mas a vida um dia lhe sorriu meio torto e ao invés de devolver um sorriso ainda maior ele se tornou – em muitas situações – apenas mais um.

Ela agradecia sim. Ele recobrava, com a sua ajuda e luz, tudo aquilo que um dia deixou para trás. Sua vida nunca mais seria a mesma...

Obrigado.

Anderson Mendes Fachina

Nenhum comentário:

Postar um comentário