domingo, 24 de abril de 2011

Cinco minutos depois de...

Primeiramente gostaria de deixar minhas sinceras desculpas. Justificativa: Se eu não fizesse isso, não seria eu. Faço não por que quero que penses alguma coisa. Faço sem intenção de despertar alguma coisa ou mesmo fazer uma surpresa. Faço porque sigo um velho conselho de minha mãe, que me foi dado quando ela foi chamada a comparecer à escola pela primeira vez, eu tinha 7 anos. Lembra daquelas balas que vinham grudadinhas, numa tira? Só quem tem mais de 30 sabe do que estou falando. Ah, então. No meio da aula eu subi na carteira e rodei uma daquelas tirinhas no ar dizendo: “quem quer bala?”. Claro que a professora me pôs de castigo e mandou chamar a minha mãe. Na sala da diretoria, aquele dia, minha mãe disse uma coisa que marcou a minha vida. Ela não estava brava com a minha atitude, somente disse que não poderia fazer isso na aula. E, ao pé do ouvido me disse, contrariando a recomendação que acabara de dar: “Filho, sempre faça o que o seu coração mandar”. E não poderia ser diferente.

Meu coração pediu para que eu fizesse isso e, sem muitas perguntas resolvi atendê-lo. Nestes dias tenho o contrariado tanto... Ainda não me arrependi, mas isso é iminente, assim como dois e dois são quatro.

Nunca sua frase “nossa história só tem coisa bonita” fez tanto sentido assim. Nestes dias eu me esforcei em olhar de fora. Assim sendo, comecei a entender tanta coisa. Era como se tivesse feito o download de toda nossa história em segundos. Entendi minha “missão” e visualizei a sua. Tudo tão claro, tão limpo, tão palpável. O que tiver que ser, será... Agora entendo e sigo em frente. Sem renunciar a nada, sem esperar por nada, apenas sigo olhando pra mim.

Lembro de todas as frases pra mim dirigidas. Lembro de todas as frases por mim dirigidas. Lembro-me de todas as passagens, todos os momentos, todos os suspiros, todos os carinhos, todos os beijos, todos os olhares, todos os pqps, lembro-me de tudo, mas de tudo mesmo. Aliás, como digo, não há como lembrar aquilo que ainda não esqueci, que não me saiu da mente. É tudo tão vivo. Tudo tão colorido. Só coisa boa, tens razão.

Tudo o que te disse até hoje é verdade. Tudo mesmo. Não retiro nada, nem um hominho. Aliás, eu agora os cultivo como ouro em essência. E como não poderia deixar de ser diferente, como num passe de mágica, em tantos lugares para eu parar neste reino tão vasto, escolhi justamente a sombra pela qual a Torre se deslocava. Além da coincidência do local, há também a do horário, do momento em que resolvi enviar meu sinal, do momento em que resolvi olhar para baixo. São tantas. Enquanto mandava meu sinal de fumaça e enquanto este era recebido, vi, alí, a menos de 20 metros, toda a beleza inundando a rua. Coisa do destino? Sei lá.

Enquanto me deslocava vinha pensando sobre tudo. Tudo passa como num filme pela minha mente. Adoro filmes. E melhor ainda quando se tem a sensação de que estou dentro dele, que faço parte de uma série de acontecimentos que, ao final, faziam parte de uma trama muito, mas muito fantástica. Tudo muito ritmado, tudo muito entrelaçado, tudo muito bem costurado. Não a lá Tarantino, não a lá Scorcese... Apenas uma história de vida, uma história que muito bem poderia não ter acontecido, mas que se fez presente e encheu aqueles que dela participaram de orgulho. Orgulho de compartilhar uma época e uma existência. Orgulho de ter feito aquilo que quis, quando quis, como quis e ainda maravilhosamente bem. Essa é minha sensação. Sensação de ter feito tudo o que eu podia ter feito. Claro que não fiz, mas fico sempre na expectativa de ter feito o melhor, o que estava e o que não estava ao meu alcance.

Hoje a história não é contada na terceira pessoa "ele". Hoje a história é narrada em primeira pessoa. Primeira por que o narrador desceu (ou subiu) ao palco. Entrou em cena, mostrou sua cara, abriu seu coração. Agora a platéia sabe quem é ele. Sabe quem agora ocupa o lugar de destaque (ou não) no filme. Uma emoção com rosto, um sentimento com sorriso verdadeiro, uma voz com presença ativa.

A história segue, como deve seguir, como deve ser, como deve acontecer. "Seu investimento sem maiores pretensões foi a sua maior conquista". "Pensa num cara que te deseja". "Pensa num Snoopy feliz". "Deus abençoe as...". "Agora sim eu vi vantagem". "Essa é a hora em que eu me dou bem". "Ah, você aqui na sorveteria, quanta coincidência”. “Feche a janela”. “Chega aqui, deixa eu te mostrar uma coisa na geladeira”. “O que faz metade de mim neste momento”. “Cavalo de Cabo de Vassoura, sua Torre está em perigo”. “Sabe quando rimos por algo deliciosamente levado que pensamos ou dizemos?”. “Por mais que eu pense, não consigo achar coisa melhor pra ter me acontecido que você”. São tantas, mas tantas as frases e passagens que compõem esse roteiro. Como dizia a música: “Tanto clichê, deve não ser”. Clichê que nada, tudo foi o que deveria ter sido. Tudo foi o que foi. Sou o que sou, lembra?

Como disse, essa história ainda não acabou. Não que ela continue da mesma forma, não que ele continue de outra forma, não que ela continue. Já nem sei mais o que estou dizendo. Já nem sei mais o que... Como diria meu mentor intelectual Sócrates, “Só sei que nada sei”. Só sei que foi assim!

Anderson Mendes Fachina

Nenhum comentário:

Postar um comentário